A audiência pública realizada na manhã desta terça-feira, 21, na Câmara Municipal, foi considerada extremamente importante pelo vereador Roberto Façanha, responsável pela iniciativa de se discutir na região, o retorno da ferrovia e a viabilização da rota bioceânica, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por Corumbá.
“Contribuiu para enriquecer o debate em torno da reativação da Malha Oeste. Corumbá nunca poderia ficar alheio a esse assunto de tão relevada importância para a nossa região”, enalteceu fazendo um agradecimento especial aos participantes.
Se mostrou otimista em relação à implantação da Rota Bioceânica Ferroviária passando por Corumbá, ligando os dois oceanos e encurtando distância com os países da Ásia e da Europa.
Disse ter sido mais uma etapa dos debates em torno da reativação da Malha Oeste entre as cidades paulistas de Mairinque e Bauru, passando Campo Grande e chegando a Corumbá, na fronteira oeste com a Bolívia, uma extensão de 1.973 quilômetros.
“Tivemos a oportunidade de conhecer com mais detalhes o projeto de concessão ou reativação da Malha Oeste; do plano do Governo Federal e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para a retomada do transporte ferroviário de cargas e, futuramente, de passageiros; foi importante também para coletar contribuições por parte da sociedade, permitindo que representantes dos mais diferentes segmentos, inclusive de outro estado e da Bolívia, apresentasse sugestões e demandas locais que podem contribuir para ajustes no projeto; debater impactos ambientais, criação de empregos, logística regional, movimentação de cargas, e integração com portos e fronteiras, especialmente com a Bolívia”, afirmou.
DIFERENTES MODAIS
Em um vídeo, o governador Eduardo Riedel destacou a importância da audiência pública para a logística do Mato Grosso do Sul, ressaltando a visão de tornar o estado mais competitivo por meio da viabilização e integração de diferentes modais de transporte, rodovias, hidrovia e, agora, a ferrovia.
Lembrou que a hidrovia do Rio Paraguai é um desafio grande que impacta diretamente Corumbá e região, principalmente em relação ao minério, aos grãos, e que, com a reativação da Malha Oeste pode permitir uma estrutura logística que garante desenvolvimento mais sustentável, competitivo, com maior eficiência dos modais de transporte para todo o Mato Grosso do Sul.
Afirmou que esta tem sido a sua preocupação desde o início de seu mandato, destacando a importância da mobilização política de todos os protagonistas, das pessoas envolvidas na questão, e que a solução começou a se desenhar com muito diálogo, muita conversa, com o Governo Federal, Ministério dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), até chegar à definição da relicitação da Malha Oeste, prevista para 2026.
Elogiou a mobilização dos atores políticos, da sociedade de uma maneira geral, do comércio, das empresas “para que a gente possa sair do papel, numa perspectiva reativar esse trecho que é crítico para o Mato Grosso do Sul”, afirmando ser parceiro na busca de alternativas e soluções para o desenvolvimento da região.
FAVORÁVEL
O Ministro da Carreira Diplomática do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, João Carlos Parkinson de Castro, também participou da audiência por meio de um vídeo e disse que a conexão ferroviária da América do Sul a favor do fortalecimento da Malha Oeste, é uma luta antiga, e que é necessário repensar o papel da logística nacional e regional e explorar todos os módulos de transporte.
Foi enfático ao afirmar que o transporte ferroviário é o mais adequado para movimentar a produção do Mato Grosso do Sul, e que é o único que não interliga os dois oceanos, o que é inaceitável, principalmente em relação à situação em que se encontra o Mato Grosso do Sul que, “infelizmente apresenta um quadro triste de transporte de carga muito dependente de rodovias, 80%”.
Acrescentou que a reativação da ferrovia vai permitir minimizar desgastes das rodovias, e que o Mato Grosso do Sul, um estado produtor, se transformará em um estado exportador com a reativação da Malha Oeste e com a integração ferroviária do Brasil, uma logística multimodal, com rodovias, ferrovia e hidrovia, que não são competitivos, são complementares.
Elton Gobi, que representou a prefeita Suéllen Rosim, de Bauru (SP), destacou que Corumbá, além de histórica, é estratégica para o futuro da ferrovia brasileira. “A Malha Oeste é mais que uma linha férrea, é um eixo de integração nacional e continental, unindo o Atlântico ao Pacífico, o Centro-Oeste ao Sudeste, o Brasil à Bolívia. É um é uma rota que pode transformar a economia e aproximar os povos”, afirmou convidando os presentes a participar da audiência de Bauru, no dia 31 de outubro.
MEIO DE TRANSPORTE
O presidente da Câmara, Ubiratan Canhete de Campos Filho, Bira, relembrou o período em que o único meio de transporte entre Corumbá e Campo Grande, era o trem da Noroeste do Brasil, e que fez a primeira viagem de ônibus após a adolescência.
“Hoje a realidade, infelizmente, é outra, e estamos discutindo aqui, a reativação da ferrovia e, acredito, o retorno do romântico trem do Pantanal, de passageiros. Mas, o importante de tudo é que estamos debatendo um assunto extremamente importante que a recuperação da Malha Oeste, uma importante alternativa para Corumbá escolar sua produção mineral pela ferrovia até o Pacífico, e de lá para a Asia e Europa”, enfatizou.
A AUDIÊNCIA
A audiência pública teve a duração de quatro horas. Foi aberta pelo presidente Bira que, logo em seguida, passou a direção dos trabalhos para o vereador Roberto Façanha. Além dos dois, fizeram parte da mesa diretora Elton Gobi, representando a prefeita de Bauru; secretário Marcos de Souza Martins, representando o prefeito Gabriel Alves de Oliveira; Estela Almagro, vereadora de Bauru; Mauricio Montero Yorge, prefeito de Puerto Suarez; Roberval Duarte, coordenador geral do Sindicato dos Ferroviários da Noroeste do Brasil.
Também presentes os vereadores Jovan Temeljkovitch, Marcelo Araújo, Genilson José, Alexandre Vasconcellos e a vereadora Nanah Cordeiro.
Texto/Fonte: Assessoria de Comunicação