Cartão Postal vira obstáculo na “privatização” do Rio Paraguai

Estrutura de captação de água da Sanesul em Corumbá é uma espécie de símbolo da cidade, mas agora atrapalha passagem de grandes comboios de barcaças vindos da Bolívia

Por conta da estrura captação de água, somente embarcações de pequeno porte conseguem passar nas imediações do cartão postal

Para viabilizar a exportação de 3,5 milhões de toneladas de produtos da Bolívia de forma competitiva pela Hidrovia do Rio Paraguai, representantes do governo federal, estadual e da Bolívia vão realizar uma visita técnica nos 12 quilômetros do Canal Tamengo, entre as cidades de Corumbá e Puerto Quijarro, nos dias 1 e 2 de setembro. Este trecho fluvial vai ser incluído na concessão do Tramo Sul da hidrovia, prevista para ocorrer no final deste ano. 

O objetivo é verificar o que é necessário para melhorar e garantir a manutenção das condições de navegação, que tem limitações, sendo a principal a estrutura de captação de água da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), uma espécie de cartão postal da cidade, localizada na confluência do canal com o Rio Paraguai. 

Para evitar danos à estrutura, construída na década de 60 do século passado, embarcações precisam se dividir, reduzindo a capacidade de carga por viagem. Atualmente, apenas comboios com até quatro barcaças conseguem passar pelo canal, o que eleva o custo do frete para cerca de US$ 45 por tonelada, segundo informações divulgadas pelo o Governo do Estado.

Este entrave foi apontado pela  VI Comissão Mista Brasil-Bolívia sobre o Sistema Tamengo, realizada no dia 17 de julho em Corumbá, que consolidou avanços importantes nas tratativas para fortalecimento da Hidrovia do Paraguai, especialmente no trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, na foz do rio Apa. 

Como desdobramento desse encontro, foi agendada a visita técnica com a Marinha do Brasil dando  apoio técnico e logístico à delegação por meio de embarcações e combustível para o desenvolvimento da atividade entre a Lagoa Cáceres, Na Bolívia,  e o Rio Paraguai, em Corumbá.

Devem participar representantes da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), do governo de Mato Grosso do Sul, da própria Marinha e do governo boliviano.  

A vistoria está sendo coordenada pela Assessoria de Relações Internacionais da Antaq e pela Divisão de Bolívia, Equador, Paraguai e Peru (DIBEP)  do Ministério das Relações Exteriores. 

Na visita técnica serão verificados os entraves existentes, mas uma das propostas já discutida é a Sanesul licitar a instalação de blocos de concreto (dolfins), que protegerão a captação de água e permitirão a passagem de comboios maiores, com até seis barcaças. A medida pode reduzir os custos logísticos em até 20% e ampliar a competitividade da hidrovia.

Além das ações imediatas, há o debate de outras alternativas técnicas, como a abertura de um novo canal contornando a estrutura da Sanesul pela margem esquerda ou o uso do Canal Tuiuiú, que se conecta à Lagoa Cáceres, a cerca de 20 km de Corumbá.

A Bolívia estima exportar até 3,5 milhões de toneladas pelo canal até 2027. O projeto da Sanesul, elaborado em 2019, é visto como uma solução mais ágil do que as obras de dragagem e remoção de rochas previstas na futura concessão da hidrovia, que ainda dependem de licenciamento ambiental.

À época da reunião, o assessor da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e representante do Governo de Mato Grosso do Sul na reunião, Eduardo Pereira, destacou o engajamento estadual.

“O Governo do Estado está totalmente comprometido com o fortalecimento da hidrovia e reconhece o papel estratégico do Canal do Tamengo para a integração logística regional. A Antaq está trabalhando em conjunto com o Itamaraty para agregar o Canal do Tamengo à concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, dando estrutura para manutenção deste importante canal de navegação”, afirmou.

Fonte :CORREIODOESTADO

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Joel de souza

Radialista a mais de "48" anos na cidade de Corumbá, Joel trabalhou na Rádio Clube, Difusora e FM Pantanal, fez grandes coberturas como o Carnaval de Corumbá.