Depois de ter sido preso duas vezes e ainda utilizando tornozeleira eletrônica, Lucas de Andrade Coutinho estaria planejando ampliar a atuação de seus ‘negócios’ de fraudes em licitações para outras quatro cidades de Mato Grosso do Sul.
A trama consta em relatório de investigação do Gaeco, que resultou na Operação Fake Cloud nesta semana. O grupo liderado pelo empresário fraudou contratos de tecnologia de armazenamento de dados nas nuvens em Itaporã, desviando cerca de R$ 159,8 mil dos cofres municipais.
Os outros dois integrantes do grupo são: secretário municipal de Governo e Gestão Estratégica de Corumbá, Nilson dos Santos Pedroso (já exonerado), e o empresário campo-grandense George Willian de Oliveira, proprietário da Citiz Tecnologia (CNPJ 21.134.038/0001-27).
Para justificar o pedido de prisão do trio, os investigadores citaram que Nilson havia sido nomeado secretário em Corumbá e que o grupo havia iniciado tratativas acerca da implantação do esquema criminoso também em Corumbá, Aquidauana, Anastácio e Corguinho.
Assim, o juiz Evandro Endo entendeu: “Nesse cenário, vejo que a atualidade da atuação criminosa também gera temor de que, soltos, possam retardar ou atrapalhar a investigação e eventual ação penal, posteriormente, de modo que entendo necessária a medida para garantia da instrução”.

A Prefeitura de Corumbá enviou nota oficial sobre a nomeação de Nilson e sobre a possível articulação do grupo para fraudar contratos no município.
Confira na íntegra:
“A Prefeitura de Corumbá informa que recebeu com surpresa a notícia sobre a prisão do secretário de Governo e Gestão Estratégica, Nilson dos Santos Pedroso, em operação deflagrada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
A nomeação de Nilson foi realizada com base em critérios técnicos, considerando sua experiência na administração pública e o fato de já ter exercido a função de secretário em outro município. Ressalta-se que, à época de sua nomeação, o servidor possuía ficha limpa e não havia qualquer registro que desabonasse sua conduta.
O prefeito esclarece ainda que não conhece os demais nomes citados na investigação, Lucas Coutinho e George Willian.
A Prefeitura reforça que, em Corumbá, todos os processos administrativos seguem critérios rigorosos de controle e transparência. O município conta com uma Controladoria-Geral atuante e independente, responsável por fiscalizar e validar cada etapa das contratações e licitações, garantindo o cumprimento da legislação e a integridade dos atos públicos.
A gestão municipal reitera seu compromisso com a legalidade, a ética e a transparência na condução dos trabalhos e colaborará integralmente com as autoridades competentes para o total esclarecimento dos fatos”.
Novo ramo
Lucas é acusado de, junto do irmão, Sérgio Coutinho Duarte Júnior, fraudar contratos no valor de R$ 68 milhões da saúde e educação.
No entanto, Lucas estaria começando no ramo de tecnologia, que seria mais vantajoso.
Por exemplo, conforme conversas extraídas do próprio aparelho de Lucas com o outro empresário, George, os dois fazem a ‘contabilidade’ dos ganhos com o contrato em Itaporã.
Eles abocanharam um contrato de R$ 104,4 mil.
Conforme planilha feita pela dupla, o valor de custo do serviço seria de apenas R$ 10 mil. Outros R$ 30 mil foram repassados como propina a Nilson.
Dessa forma, os dois dividiram o ‘lucro’, de R$ 26.940,00 para cada um.

Fake Cloud
O Gecoc/MPMS, com apoio do Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado), cumpriu três mandados de prisão preventiva e seis mandados de busca e apreensão em Itaporã — cidade da região sul do Estado —, Campo Grande e Corumbá.
A investigação identificou um grupo que atuava fraudando, sistematicamente, processos de contratações públicas por dispensa de licitação, voltados ao fornecimento de licença de sistemas de backup de dados em armazenamento em nuvem para a Prefeitura de Itaporã, desde 2022.
Após negociações ilícitas dos empresários com agentes públicos, diversas licitações foram simuladas e direcionadas para beneficiar uma determinada empresa, por meio de propostas fictícias e exigências técnicas, a fim de impedir que outras empresas pudessem disputar.
Os servidores forneciam informações privilegiadas aos empresários, para poder operacionalizar a fraude, e em troca recebiam vantagens indevidas. O grupo é investigado por organização criminosa, fraude em contratações públicas, corrupção ativa e passiva.
“Fake Cloud”, termo que dá nome à operação, traduz-se da língua inglesa como “nuvem falsa” e faz alusão aos objetos dos contratos, o backup de dados em armazenamento em nuvem, o que não era fornecido ao ent público.
Fonte: midiamax
															
															
				

